terça-feira, 18 de novembro de 2008

Por um Rio mais fraterno

Cantor Márcio Pacheco é re-eleito vereador com 26.932 votos defendendo o direito à vida



Ele escolheu o Rio para viver, mas recusou-se a assistir passivamente a degradação da Cidade Maravilhosa.
Acostumado a se apresentar em diferentes palcos, Márcio Henrique Cruz Pacheco, ou simplesmente Márcio Pacheco, avançou para águas mais profundas e hoje concilia a carreira de músico a de vereador.




A meta: transpor a consciência humanitária que aprendeu com a religião para o dia-a-dia dos cidadãos em um ambiente onde a consciência moral e ética há muito parecem ter se perdido.

O trabalho é árduo, mas no pleito de outubro, Pacheco foi o 15º entre os mais votados, a opção de 26.932 pessoas. Apossando-se da mensagem de São Paulo aos Romanos, na qual o apóstolo afirma que “todas as coisas concorrem para o bem dos que amam a Deus”, Pacheco chega ao Palácio Pedro Ernesto - sede da Câmara -, fortalecido. Aos 33 anos, tem dois filhos e consolidou sua campanha com o apoio de padres e instituições religiosas. Candidato a favor da vida, aprofundou a discussão contrária ao aborto no ano em que a Campanha da Fraternidade levou a público o tema. Rumo ao seu segundo mandato, Márcio é um velho conhecido dos católicos da renovação carismática. Hits como “Deus é Dez”, “Seu amor é demais” e ” Coração Adorador” são de sua autoria. Nascido em Sorocaba, interior de São Paulo, atualmente mora na Barra da Tijuca. Nesta entrevista, o vereador fala dos principais problemas do Rio, faz um balanço da última legislatura e diz que não abandonará a música.



Qual dos problemas enfrentados pela cidade atualmente o senhor acredita ser o mais grave?

Os problemas mais graves da cidade são saúde, transporte e educação. Saúde porque o orçamento é relativamente alto e há uma implantação ineficaz da verba, uma gestão incoerente. Falta diálogo entre os três poderes, o que ocasiona o sucateamento do equipamento de saúde. A gestão pública fala em aplicar oorçamento na coisa certa com prioridade. Se não tivessem sidos gastos 600 milhões de reais na cidade da música, teríamos em quatro anos gasto a metade com todos os postos de saúde do município funcionando 24 horas. O transporte, na minha opinião, é o segundo maior problema,porque transporte é acesso à educação, saúde, lazer. No caso de transporte acessível para as pessoas com deficiência então é pior. O Rio de Janeiro tem o menor índice de acessibilidade do país, com 48 ônibus numa frota de 15 mil. E um terceiro problema reside no fato de esta gestão entender na educação que a aprovação automática é coisa boa. E nós somos contra isso.


O senhor poderia definir o perfil do seu eleitorado?

São pessoas ligadas primeiramente à Igreja Católica. Não queeu seja um vereador só da igreja. Mas tenho orgulho de dizer que fui eleito com ajuda, voto e confiança da Igreja Católica e seus diversos movimentos. Meus votos foram divididos em todos os bairros da cidade, o que me faz vereador de um segmento. Sou um defensor da vida, presido a Frente Parlamentar em Defesa da Vida, portanto defendo bandeiras, defendo o que minha Igreja me ensinou a defender.

O senhor consegue avaliar a influência do apoio de padres à sua campanha?

Tenho muito a agradecêlos. Sou muito grato a eles,aos movimentos, lideranças, à renovação carismática, da qual tenho muito orgulho de ser membro. Acredito que se não fosse por tudo isso, o resultado não teria sido tão positivo e talvez não teríamos nem conseguido esta vitória. Não como forma de combate religioso, mas como forma de mostrar que nós temos uma voz, uma representatividade, e principalmente podemos discutir políticas públicas para o município sobre uma visão a luz da fé católica, que entende o bem comum acima de qualquer outra realidade.

Já sofreu preconceitos ou acusações por causa dessa ligação?

Sim, num determinado momento, num embate em defesa da vida aqui na câmara, por um outro vereador que defende oaborto, fui diversas vezes chamado de forma irônica de padre, seminarista.

“Não me importo
com o preconceito
por viver na prática
a religião católica”


Não me importo com o preconceito por viver na prática a religião católica, me importo em continuar defendendo o que acredito não só como ideologia de vida, mas como motivação de fé.

O senhor continuará presidente da Comissão Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência no próximo mandato?

A minha pretensão é, sem dúvida, continuar na luta da pessoa com deficiência, uma bandeira que faz parte do meu mandato, da minha vida. Uma das vertentes do trabalho foi a implantaçãodo fórum de debate em defesa dos direitos da pessoa com deficiência em três vicariatos e pretendemos ampliar para os sete, o primeiro foi o Vicariato Oeste, na Paróquia de Santana, em Campo Grande. Depois foi o Vicariato Leopoldina, na Paróquia de Santa Edwiges, em Cordovil e no Vicariato Sul será implantado agora na Paróquia de Santa Cruz, em Copacabana. Eu vou me candidatar a eleição novamente no próximo mandato.

Que avanços e retrocessos esse grupo pode listar em relação às condições de vida na cidade?

A comissão era desconhecida, não tinha uma efetiva participação no debate político da câmara e hoje faz parte do cenário político e participa de grandes eventos como a Feira da Providência, a Semana do Artista Especial. Conseguimos impedir o fechamento do abrigo Cristo Redentor, que atende a 300 idosos com deficiência. Liberamos emendas no orçamento para instituições que não
tinham ajuda pública e hoje através da comissão recebem e conseguem sobreviver. Implantamos
o atendimento telefônico através do 0800 e o atendimento itinerante com uma viatura própria
da comissão para atender as instituições com um serviço público adequado. Mas temos muito a avançar.

Que projetos pretende desenvolver no próximo mandato?

Fundamos também a Frente Parlamentar de Combate a Pirataria, projeto que será encaminhado
com mais seriedade e desmistifica a questão do comércio ilegal e da legalidade. Queremos incentivar o comércio legal trazendo as pessoas para um debate ainda melhor no que diz respeito a evolução do comércio legal, além das outras bandeiras que a gente vem defendendo.

Como é conciliar a vida política a de músico?

Jamais deixei de ser evangelizador e músico, é minha alegria, a maneira de agradecer a Deus pelas bênçãos que Ele me tem dado. Pretendo no próximo ano relançar o CD Coração Adorador e realizar alguns shows dentro e fora do Rio de Janeiro. Mas fiz uma escolha e minha prioridade como homem público é dedicar minha vida por uma cidade melhor.


Por: Silvia Souza

Nenhum comentário: